20.8.07

Problemas epistemológicos

Uma das maiores dificuldades que tenho - ou melhor, temos - para analisar a sociedade e o mundo é o nosso eurocentrismo arraigado ou outras formas de centrismos em que há um centro poderoso rodeado de coadjuvantes, nos qual nós somos os coadjuvantes. Vide termos como "subdesenvolvido", "terceiro mundo", "pré-colonial", "antes de Colombo", "pré-história" (que significa "pré-escrita"), "pré-revolução industrial", entre outros. Não digo que esses processos, fenômenos, não são importantes. Claro que são. Mas toda análise se pauta a partir desse Outro situado do outro lado do oceano ou do sistema produtivo.
É necessário partir não desse Outro, mas do nosso próprio umbigo. Sem essa transformação epistemológica de mudança de ponto de partida, vamos continuar tão míopes como se não estudassemos/pensassemos nada. Só esse pluralismo racial, étnico, geográfico, econômico, etc., que poderá tornar nosso sistema ocular mais complexo e menos cego.
Como bem lembram muitos intelectuais, como José Augusto dos Anjos e outro, que não me recordo o nome, precisamos cortar o cordão umbilical com a Europa, com seus intelectuais que refletem sua própria realidade, e fazermos o esforço político de encontrar outras fontes no globo, entre pensadores pouco ou não conhecidos, que discutam assuntos parecidos, mas com o enfoque não-hegemônico, distinto da situação européia.

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