13.11.08

Mais um puxão de orelha do tio niet na fase positivista

A fé na embriaguez - Os seres de instantes sublimes e arrebatados, que habitualmente, por contraste e devido à própria dissipação de suas forças nervosas, sentem-se miseráveis e inconsolávis, vêem aqueles instantes como o autêntico "Eu", como "si"; e por isso pensam no seu ambiente, sua época, todo o seu mundo, com sentiments de vingança. A embriaguez é a verdadeira vida para eles, o genuíno Eu: em todo o resto vêem adversários e estorvadores da embriaguez, seja esta de natureza moral, intelectual, religiosa ou artística. A estes entusiásticos ébrios a humanidade deve muita coisa ruim: eles são infatigáveis semeadores da insatisfação consigo e com o próximo, do desprezo pela época e o mundo e, sobretudo, do cansaço do mundo. Todo um inferno de criminosos talvez não produzisse este inquietante e prolongado efeito opressivo, corruptor de ar e terra, como faz essa pequena e nobre comunidade de desenfreados, fantasistas e semidoidos, de gênios que não podem controlar-se, e que experimentam prazer consigo apenas quando se perdem totalmente: enquanto o criminoso, com freqüência, dá prova de excelente autodomínio, de abnegação e prudência, e sabe manter esses atributos naqueles que o temem. O céu acima da vida talvez se torne perigoso e sombrio por causa dele, mas o ar permance robusto e severo. - Além de tudo, esses entusiastas propagam a fé na embriaguez, com todas as suas forças, como no que há de vida na vida: uma crença terrível! Tal como agora os selvagens são rapidamente corrompidos e arruinados pela "água ardente", a humanidade como um todo foi corrompida, lenta e radicalmente, pelas aguardentes espirituais dos sentimentos inebriantes, e por aqueles que mantiveram vivo o anseio por eles: talvez ela ainda venha a se arruinar com isso.


(Nietzsche, Frederico. Aurora. Aforismo 50. São Paulo: Companhia das Letras, p. 44s.)

7.11.08

Ditos memoráveis de Leonardo Vigolo

Sim... diminuir riscos, esse é o lema,
sobre a prova de Antropologia e minha preguiça acadêmica.

Uma melancolia regada à asa,
sobre o ambiente do metrô, em São Paulo.

Um cover brasileiro de uma coisa babaca,
sobre High School Music Brasil

3.11.08

A revelação histórica

No século XVIII, havia a Real Feitoria de Linho-Cânhamo em São Leopoldo, na então Capitania do Rio Grande de São Pedro! A produção de linho-cânhamo era empresa "estatal"!! Mas não deu certo: parece que a escravaria queimou toda a produção!!! Até a última ponta!!!!

30.9.08

Entrevista do Silvio e do Vesgo com o Quico

Caralho, uma das melhores entrevistas que eu já vi. E o melhor tá pro final. Final sensacional!!!!!!!

Primeira parte, aqui.

Segunda parte, aqui.

21.9.08

O Pokemon é uma rinha de galos pra crianças.

20.9.08

Sobre o 20 de Setembro

Para ser sincero, nunca me incomodei muito com o tradicionalismo gaúcho. Esse gosto por andar de fantasia de gaúcho ou prenda pelas ruas da nossa urbe durante a semana farroupiha ou bailes dos CTG's; o discurso separacionista; o orgulho das virtudes meridionais em relação ao norte do país, isto é, tudo que está para cima de SC. Até gosto desses hábitos quando aparacem cenas risíveis, como a dos peões de apartamento que vão laçar bezerro nos CTG's. Tudo bem, né? Parece ser bem legal fazer parte de uma tradição inventada na década de 1930, no máximo.

Agora, não consigo tolerar de maneira alguma, em ponto nenhum, aquela musiquinha de nanar chamada Hino Sul-Riograndense. Nem preciso dizer o porquê. Já é do conhecimento de quase todos leitores deste blog - que, por sinal, são poucos... - seu significado mais latente: a glorificação de um dito passado heróico e moral de um povo diferenciado. E botam a criançada para aprender a cantar essa cantiga.

Cara, seria engraçadíssimo se não fosse nossa verdade. Se tudo isso fosse só mais uma historieta antiga de historiador. Mas não é. Aos alunos do ensino fundamental e médio obrigam perder 20 minutos diários para cantá-lo, além dos milhares de trabalhinhos obrigatórios nos quais se devem escrever o texto de cabo a rabo, ao longo dos mais 12 anos escolares. Inclusive nas aulas de educação física, deixava-se de correr ou jogar bola pra copiar esse hineto registrado na contracapa dos livros didáticos.

Caralho! Além de se referir à essa luta entre frações da elite como luta pela liberdade, ainda designa toda população escravizada como sem virtudes. Isto é, bem mais de um terço da população nacional, além de estar na condição de escravizada, ainda por cima não é digna nem de ser tomada enquanto possivelmente moral. É perfeitamente compreensível a produção do texto do hino. Foi escrito em 1935, em ocasião do centenário da Revolta Farroupilha, e adotado pelo Instituto Histórico Geográfico. Essa galera do IHGB, historiadores amadores e muito importantes em termos historiográficos, defensores das idéias raciais e evolutivas próprias de seu tempo.Segundo estes autores, haviam raças distintas e algumas eram mais puras e graduadas que outras. Convém lembrar, o nacional-socialismo do Hitler tomou o poder na Alemanha em 1933. Para aquela época, é compreensível que se pense isso. Mas hoje, num momento em que a situação desfavorável do negro é alvo de críticas e observações cada vez mais pertinentes, cantar o hino ou fazê-lo soar nos diversos espaços, sejam públicos ou privados, me parece, sem tirar nem pôr, uma prática racista. Tão desagradável quanto parte das músicas racistas e homofóbicas da geral do Grêmio.

Querem cantar. Cantem! Só fico imaginando o que pensam os patriótas quando me nego a tomar parte na cantoria.

9.9.08

A Ema gemeu,
no tronco do juremá...


- Ah, seu Jackson, isso me deu um medo danado!

2.9.08

Latifundiários, peões, Expointer e RBS

O axioma do Frantz Fanon, também dito pelo Paulo Freire, é sempre bom repetir: o dominado defende a ideologia do dominador.
No Jornal do Almoço dos dois últimos dias, vimos a reportagem sobre a ação do Ministério do Trabalho em proibir os peões de dormir junto aos animais, durante a Expointer. Foi ressaltado na reportagem a tristeza destes trabalhadores, em se verem impedidos de dar boa continuidade aos seus trabalhos. Foram mostradas algumas cenas, da estima dedicada por estes trabalhadores do campo aos animais, das jantas baseadas a boa churrascada e do clima de devoção total à lida do campo. Algo comovente. E não estou sendo sarcástico nem debochado. Algo do tipo: "maldito Estado que se intromete nas livres relações entre os homens".
Até que minha mãe fez seus comentários, enquanto eu apenas mastigava minha comida e ruminava pensamentos senis anti-mídia corporativos. Ela vem do interior, então conhece um pouco da situação. Segunda ela, esses trabalhadores ganham uma miséria, dormem pouco pra caralho, trabalham um monte e só vêem aquela churrascada na boca dos latifundiário donos dos bichos. E, por mais que pareça um paradoxo, ainda defendem os caras. Mas não é de graça.
É certo que boa parte destes trabalhadores deve se emputiar com o trabalho e a situação. Eu sei por conhecimento empírico, pois tenho parentes no interior, como já havia dito. Lá, Legislação Trabalhista é utopia. A galera trabalha o dia todo, do raiar a baixar do sol, sem arrego. Então, pra quem vive todo dia essa situção, uma semana de Expointer não é nada.
Bom, quanto à imprensa corporativa, não quero falar nada. Já está todo mundo cansado de saber do que eu iria falar. A construção da "verdade" é uma questão bem séria. Além disso, a ligação dessa emissora com os poderes instituídos é bem conhecida, especificamente com os poderes provindos do campo. Um exemplo, o cara do Anonymus Gourmet, que é neto do velho Pinheiro Machado, não por acaso nome de uma boa quantidade de ruas no Estado.
E os liberais ainda vêm chamar a Globo de comunista.
Mas chega de blábláblá anti-qualquer coisa. Temos mais o que se fazer do que ficar pensando na rbs

26.8.08

Como o vovô niet já dizia

"O homem de uma era de dissolução e de mestiçagem confusa, que leva no corpo uma herança de ascendência múltipla, isto é, impulsos e escalas de valor mais que contraditórios, que lutam entre si e raramente se dão trégua - esse homem das culturas tardias e das luzes veladas será, por via de regra, um homem bem fraco: sua aspiração mais profunda é que um dia tenha fim a guerra que ele é; a felicidade lhe parece, de acordo com uma medicina e maneira de pensar tranqülizante (epicúrea ou cristã, por exemplo), sobretudo a felicidade do repouso, da não-perturbação, da saciedade, da unidade enfim alcançada, ou "sabá dos sabás", para dizer como o santo retor Agostinho, ele mesmo um desses homens. - Mas se numa tal natureza a contradição e a guerra atuam como uma atração e estímulo de vida mais -, e se, além dos seus impulsos fortes e inconciliáveis, também foi herdada e cultivada uma autêntica mestria e sutileza na guerra consigo, ou seja, no autodomínio e engano de si: então surgem esses homens espantosamente incompreensíveis e inimagináveis, esses enigmas predestinados à vitória e à sedução, cujos mais belos exemplos são Alcíbiades e César (-aos quais eu gostaria de juntar o primeiro europeu a meu gosto, Frederico II de Hohenstaufen), e, entre os artistas, talvez Leonardo da Vinci. Eles surgem precisamente nas épocas em que avulta aquele tipo mais fraco, que aspira ao repouso: os dois tipos estão relacionados e se originam das mesmas causas."

(Nietzsche, Frederico. Além do Bem e do Mal. Aforismo 200. São Paulo: Companhia das Letras, p. 86s.)

9.8.08

Um resto de bom senso:

Eu troquei o quase nada por muito pouco.

26.7.08

Foda-se ela
Foda-se eu
Fodamo-nos nós
E o futuro
a gente vê amanhã

9.6.08

Sempre mais do mesmo

Não vou dizer que não fiquei contente com essa história da Yeda. Óbvio. Mas... sempre a mesma história. "Ah, o grupo do governo foi pego com a mão na massa"; "combate à corrupção" e tantos outros uivos democráticos. Isso cansa!
Porra, todo mundo faz isso! Melhor: nosso sistema democrático representativo precisa de corrupção para poder funcionar. Isso quase todo o mundo sabe. Para o presidente passar uma lei no Congresso - que é composto, em sua maior parte, pela oposição - é obrigatório comprar as pintas. Não estou apontando ser isso o correto, mas é o instituído. Todo mundo, ao entrar no jogo, precisa se adequar às regras. Caso contrário, só uma revolução pra resolver. E esse não é o caso do Brasil. Pelo menos por enquanto.
Ouvir o Lasier Martins, um dos mais destacados cavaleiros contra-corrupção desta Província de São Pedro, é bucha!É sempre o mesmo papo... e as pessoas, repetindo as mesmas indignações de sempre, permanecem (como eu) com uma tremenda sensação de impotência. O sistema político institucional é um caso perdido. Tá, temos os partidos de esquerda com uma proposta mais progressista, mas esses caras reforçam sempre que o único caminho é o institucional, espaço vedado às pessoas fora dos partidos. A proposta da esquerda, ao meu ver, não muda muito a situação, já que o eleitorado permanece sempre em sua postura passiva, de se mexer só na hora das eleições ou na hora de passeata organizada pelo partido.
No meu pensamento mais idealizado, tirado de exemplos dados por outras realidades, é a organização espontânea e local o caminho mais adequado para dar outro andamento à relação de forças. Organizações locais, com instrumentalização jurídica ou mesmo paramilitar, dependendo da situação, com objetivos primeiros de caráter pontual. Depois, a articulação destes diferentes movimentos em rede, em que o espaço político institucional passa a ser apenas mais um entre os muitos campos de luta possíveis. Esse, se não estou enganado, é o caso boliviano.
Para encerrar: sim, apesar do exposto, votarei para o pt para as próximas eleições para governo do estado. Voto útil, contra possíveis políticas de liberalização do estado, como as da atual fubanga governadora. Segunda coisa, acho que tinha que ter ensino de legislação no colégio.

13.5.08

Toma cuidado, Lu!


Canção de um pastor de cabras teocrítico

Eís-me deitado, doente do intestino -
Os percevejos me devoram.
Lá adiante ainda há luzes e barulhos!
Escuto-os dançarem...

Ela queria, a esta hora,
Escapar até onde estou.
Espero como um cão -
Não vejo sinal dela.

E o sinal-da-cruz quando prometeu?
Como podia ela mentir?
- Ou corre atrás de qualquer um,
Como fizeram minhas cabras?

Onde arranjou o vestido de seda?
Ah, minha orgulhosa!
Haverá outros bodes ainda
Nesse bosque?

- Como torna confuso e envenenado
A espera amorosa!
Assim brota, na noite abafada,
O cogumelo venenoso.

Amor me consome
Como sete males -
Não tenho apetite para nada
Adeus, minhas cebolinhas!

A lua já se pôs no mar,
Cansadas já estão as estrelas,
Cinzento nasce o dia -
Eu bem que morreria.

(Frederico Nietzsche. A Gaia Ciência. Apêndice: Canções do príncipe Vogelfrei. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 302s)

4.5.08

Cotas

O que eu entendo por raça?

Raça são ônibus cheios de gente majoritariamente negra ou majoritariamente branca. Basta pegar o Menino Deus e depois o Restinga ou o Campo Novo, lá pelas sete horas. O projeto de urbanização de Porto Alegre denota divisão racial.
A população "branca" tem maior tempo de escolaridade que a "negra" e "parda". Tá lá nos estudos do IPEA. É só conferir. Me lembro da propaganda do Banrisul. Só tinha uma negra. Bastante clara. Ao fundo da imagem, onde ela estava, até parecia branca.

O embaixador Alberto da Costa e Silva, um dos maiores entendedores da África no Brasil, diz que não sabemos o quanto temos de africanidade. E o currículo de história da UFRGS só tem cadeiras eletivas de história da África. Quem estuda a situação do negro no Brasil, só sob a ótica do escravo. Só as negociações. Donde essa gente vem parece não ter valor para a narrativa histórica. Não tenho os dados exatos, mas parece que 90% da população estudantil das universidades federais é branca. Vejo ainda poucos negros no Campus do Vale, onde ficam boa parte dos cursos. Raça, pra mim, é isso. Política, história, costumes, economia, educação. Olha que nem falei do público das prisões. Olha que nem falei do medo que tenho quando vejo pessoas trajadas como "manos" se aproximando de mim na noite, pelas ruas do centro e Cidade Baixa. Quero dizer, raça são imaginários sociais também.

Há gente a chamar o Brasil de país racista. Ao mesmo tempo, muitos destes negam a existência de raças. E como vai haver racismo sem haver raças? No sentido biológico, certamente não existe. Mas olha um pouco de tv. Nesta, o mundo parece que é todo branco. Raça é economia, raça é imaginário, raça é estética, raça são políticas de segurança.

Muitos acham racismo a estipulação de cotas raciais. Mas o sistema meritocrático, quase sem querer, também não é racializado? Mérito de filhos de funcionários públicos, médicos, engenheiros. Isso não é contestado por quem contesta as cotas. Fica-se com o "temos que melhorar o sistema de ensino do povo". Mas quem luta pelas cotas não disse o contrário. Nesse ponto há concordância.

A questão das cotas, para mim, não é tanto educacional. É profissional. Ao nível universitário, os formandos são em geral provenientes de classes mais abastadas. Acredito eu, predominantemente brancos. Pois bem, me pergunto se um arquiteto vindo deste grupo socio-econômico vai ter a vontade de entender as especificidades da ocupação territorial e da habitação guarani, que não são semelhantes a nossa. Ou se um médico, trabalhando num posto da periferia, vai ter a sensibilidade para entender e atender a uma mulher negra que recém transou com seu homem e apareceu para consulta sem tomar banho. Este foi um caso contado por uma amiga minha. Ela apenas culpou a mulher pela sua falta de educação. Será que ela estava apta para entender essa mulher? Será que, nesse caso, ela estava apta para atendê-la? Eu imagino que um profissional originado da periferia, alguém que conheça a situação de seus vizinhos, terá maiores condições de entender e atender nos postos das periferias da nossa cidade. Assim como um nutricionista kaingang terá melhores condições para intervir junto aos seus.
As cotas me parecem uma questão muito prática.
Sua implementação é complicadíssima. Seus mecanismos são muito sensíveis. Identidades são coisas tão instáveis, tão difíceis de se determinar.

Os debates também são complicadíssimos. Em geral, se joga com informações hipotéticas. Como no caso deste texto, em alguns momentos. "Os cotistas terão notas baixas". "Os cotistas não terão condições de se manter financeiramente". Essas são questões importantes, as quais devem estar nos cálculos da comissão de implementação das cotas. Mas acredito que não devem impedir a tentativa de implantação.E dizer que quem é contra as cotas é racista também não é certo. Melhor, é uma estupidez.
Este texto é muito apologético. Deve ser combatido. Deve ser deslegitimado, principalmente pelo pouco caso do autor em construí-lo com maior cuidado. Tudo que é fraco dever ser atacado e desmontado.E os pontos francos das cotas devem ser atacados. Só assim poderá ter maiores condições de se manter.

25.3.08

Texto muito interessante sobre o modelo energético brasileiro, aqui, encontrado no endereço do Movimento dos Atingidos por Barragem.

19.3.08

O incansável Super-Homem, em sua nova missão...

Os últimos cinco anos da ação estadunidense "Iraque Livre" renderam algo entre 100.000 e 1,2 milhão de assassinatos de civis, de acordo com uma reportagem no Le Monde, aqui (a foto acima, incusive, se encontra nessa página). Os números são confusos, mas as fontes referidas na notícia têm em comum o fato de apresentarem altas cifras. O Iraq Body Count, grupo de pesquisa britânica, sugere que os EUA mataram quatro vezes mais civis do que rebeldes nos dois primeiros anos de guerra; a OMS no Iraque, em pesquisa realizada em 2007, ressaltou que 151.000 iraquianos foram assassinados de maneira violenta nos três primeiros anos de invasão americana, número duas vezes maior que a dos dois últimos anos do regime de S. Hussein; a revista médica britânica The Lancet estimou, em pesquisa ralizada em 2006, que cerca de 2,5% de uma população de 26 milhões sofreu morte violênta.
Essas missões de paz dão medo...

18.3.08

Blog Pé na África

Descobri um blog da Folha OnLine, o Pé na África, de autoria de Fabio Zanini, que trata, como se pode prever, de relações inter-étnicas. Vale a pena conferir a triste matéria do dia 18/03.

15.3.08

Manifesto das Mulheres da Via Campesina

Vale a pena dar uma conferida no Manifesto das Mulheres da Via Campesina, aqui, as quais fizeram um protesto esses dias contra plantações de eucaliptos ali pela região da fronteira.

14.3.08

Tô num momento não muito propício pra escrever. Por isso, prefiro só divulgar sites e blogs. Encontrei mais dois endereços de notícias, quais sejam, o Word Socialist Web Site, em português, e o Últimas Notícias. Bom, boas leituras!

7.3.08

Terrorismo internacional

Excelente artigo de Noam Chomsky sobre o terrorismo internacional praticado, segundo ele, pelos três maiores maiores terroristas do mundo: os EUA, a Inglaterra e Israel, aqui.

Eís uma palinha:

Ocorre, na verdade, que eles [os EUA e Israel] e seus apologistas olham para os africanos sentindo o que nós sentiríamos ao esmagar uma formiga quando caminhamos pela rua. Somos conscientes de que é possível que ocorra (se nos incomodarmos em pensar sobre isso), mas não queremos matá-las, porque não são dignas nem dessa consideração. Não é necessário dizer que ataques similares perpetrados por araboushim em áreas habitadas por seres humanos seriam considerados de maneira muito diferente. Se por um momento fôssemos capazes de adotar a perspectiva do mundo, poderíamos nos perguntar quem são os criminosos “mais procurados no mundo inteiro”.

29.2.08

Kenya, informação, perspectiva, limitação e descoberta

Parece haver possibilidade de diminuir a tensão no Kenya, de acordo com esta notícia aqui, do Libération. Os dois protagonistas do confronto, os presidentes dos partidos rivais, assinaram um acordo, sob a supervisão de Kofi Annan, tendo como principal medida a criação do cargo de primeiro ministro, coisa até então inexistente no campo institucional kenyano.
Olha, sinceramente, esse tipo de política não me interessa. Meu foco de interesse, na real, ficou para a última linha da notícia: o saldo da crise pós-eleitoral é de 1.500 mortos e 300.000 "deslocados". Caralho! Três Maracanas lotados longe de suas casas e a única marca disso na notícia são números... tá, eu sei, têm muitas notícias tratando da situação das populações mas, se notarmos, boa parte do jogo informacional ao qual estamos habituados tem por foco essa mesma relação entre políticos, empresários, atores e companhia limitada. Para ver os grupos subalternos, só na página policial e, evidentemente, nos classificados . É o velho padrão ao qual talvez nem tenhamos noção de sua existência. O migrante, o desclassificado, o ilegal, o desaparecido, são todos exotismos, coisas interessantes, notícias relâmpagos: nunca são a situação estrutural, o estruturante!
Penso na formação no minha faculdade: quais foram as oportunidades ali encontradas para se poder entender o mundo pós-colonial, dito terceiro mundista, senão com ferramentas retiradas de autores que nunca saíram da Europa. Mesmo autores do Brasil e da América Latina, muito pouco é aqui conhecido. E o que resta? Resta só o esforço político de ir atrás de autores fundamentais latino-americanos, asiáticos e africanos, aprender inglês na marra e fazer tentativas de pôr novas perspectivas em circulação.
Nossos padrões mentais, intelectuais, são tão fechados, tão quadrados, tão moldados, que a idéia de tentar perceber o desconhecido debaixo do nosso nariz soa estranha. Mas há um sinal demontrativo dessa limitação: quando achamos desnecessário conhecer o desconhecido, quando achamos não haver desconhecido necessário, sejam autores, sejam fatos, sejam perspectivas, então estamos realmente de acordo com a situação das coisas, quero dizer, com a nossa situaçã de miopia crônica. E o que resta?

22.2.08

Caos no Kenya

Vídeo encontrado no The Guardian sobre a situaçã lá no Kenya, aqui. Apesar de ser em inglês, vale a pena dar uma olhada.

20.2.08

O caminhos das flores

Coçou o saco, ajeitou a camisa, deu uma última olhada no espelho e partiu. O mesmo caminho. O de sempre, desde os últimos seis meses. Conhecia todos os atalhos. Em vez de descer do ônibus na parada onde desce a maioria das pessoas, puxou a campainha uma antes para tomar um caminho mais curto; seguiu para o estacionamento, com carros e chão de paralelepipedo, com a pressa de quem está meio atrasado. Depois de entrar no prédio, tomou o elevador, não sem antes ficar alguns instantes angustiantes na fila do elevador. Como sempre chegou uns dez minutos antes do exigido, arfando um pouco, não muito a vontade consigo.

Fica a questão: qual a porra de princípios norteadores da escolha desse rapaz? A princípio, parece ser a de tentar, o máximo possível, optimizar o tempo, fazendo qualquer atividade com o menor gasto possível; outro, parece ser o de tomar o caminho menor, princípio que não deixa de estar ligado ao anterior mas, ainda assim, possuí vida própria.

Pois bem, e se esse pusilâme tomasse outros princípios norteadores. Vejamos:

Acordou. Apertou o "soneca" do celular e voltou a dormir. Acordou dez minutos mais tarde, para levantar só cinco minutos depois. Sentou no sofá, com um copo de leite com café na mão, curtindo um som. Arrumou-se ligeiro, sem ter tempo para escovar os dentes. Pegou o ônibus. Atrasado. Mas tinha um porquê: uma boa companhia de viagem... Desceu com ela na parada onde desce a maioria. Seguiu por um caminho o qual sabia ser o mais comprido, com uns canteiros com flores simpáticas... e outro jardizinho também, em frente a um bar, com uma flores a tomar café. Entranto no prédio, tomou as escadas, por detestar filas e por querer fazer pelo menos algum exercício físico no dia. Chegou um pouco atrasado, mas nada de mais. Ficou a pensar na possibilidade de convidar sua companhia de viagem pr'uma ceva depois do expediente de ambos.


Fica a derradeira questão: o que vale mais a pena: o útil ou o bom? Há também uma pergunta decorrente desta, ou talvez até anterior: será que o útil implica algo bom?

14.2.08

Mídia corporativa X Lulinha

Ótimo texto sobre o jogo da mídia corporativa contra o governo Lula: Eles não desistem, no Cão Uivador. Não que eu defenda o governo, mas a ação da Globo e cia. é tosca e mal intencionada, para variar um pouco.

16.1.08

Demo cracias...

enquanto eu rio da nossa democracia, tem sangue e fogo rolando no Quênia, segundo o Mídia Independente: Situação no Kenya. Se é fato ou não, só o tempo vai dizer, mas vale a pena dar uma conferida. Não é de se ficar bem...

13.1.08

Para o Ano Novo

Eu ainda vivo, eu ainda penso: ainda tenho de viver, pois ainda tenho de pensar. Sum, ergo cogito: cogito, ergo sum [Eu sou, portanto penso: eu penso, portanto sou]. Hoje, cada um se permite expressar o seu mais caro desejo e pensamento: também eu, então, quero dizer o que desejo para mim mesmo e que pensamento, este ano, me veio primeiramente ao coração que pensamento deverá ser para mim razão, garantia e doçura de toda a vida que me resta! Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas. Amor fati [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor! Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que a minha única negação seja desviar o olhar! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia, apenas alguém que diga Sim!

(Nietzsche. A Gaia Ciência. Companhia das Letras, 2001. Aforismo 276.)