21.8.07

E vamos fazer a revolução!

“Vamos fazer a revolução! Que as massas proletárias urbanas e rurais tomem consciência de sua situação de explorados e, juntos, lutem pela igualdade entre os homens e os povos!”

Só resta uma pergunta: qual é o caráter revolucionário dessa proposição? Getúlio Vargas discursava com os mesmos pontos.

Para início de conversa, massa é coisa de padeiro. E enquanto esquerdistas, pró-esquerdistas e grupos de esquerda não desistirem dessa pretensão de serem padeiros, de quererem moldar a massa, a lógica dominante vai permanecer: a vontade de usar da maioria "amorfa" e reificada para cumprir a vontade de poucos. Vargas queria conduzir a povo para uma sociedade melhor – e tivemos um governo autoritário pacas. Os comunistas de 1917 queriam conduzir as massas pruma sociedade melhor, socialista – e tivemos, por fim, a ditadura do partido que oprimiu o proletariado soviético.


Enquanto as pessoas não tiverem condições e relativa liberdade pra decidirem o que realmente querem, não haverá sociedade melhor. Quando falo de condições, falo de oportunidades que estimulem o processo de autonomia, como, por exemplo, uma escola de qualidade preocupada com a formação do raciocínio crítico d seus educandos. Quando falo em relativa liberdade, me refiro a que as pessoas possam escolher o que elas acham melhor - mesmo, sei lá, que seja se decidir por aquele liberalismo tosco de neo-liberal - sem ter um intelectual de merda do lado delas pra dizer: “Ah, mas tu é um alienado, hein?!”.

E isso cabe muito bem para os (futuros) professores, que não sejam arrogantes de se decepcionarem pelo fato de que os educandos não prestem atenção em aulas pouco interessantes e pouco significativas. Quem disse que o saber acadêmico e super refinado de vocês têm doçura (ou mesmo acidez) a ponto de provocar a atenção dos educandos? (sim, isso estou dizendo pra mim mesmo).

E, pra fechar, citando o Raul Seixas: “A lei do forte, essa é a nossa lei e a alegria do mundo!”

6 comentários:

Eu mesmo disse...

Faço minhas as tuas palavras!

Anônimo disse...

Não se trata de aspirar a uma educação conscientizadora. Trata-se, antes, de perceber o espaço escolar como espaço de conflito, de luta "para a destruição progressiva e a tomada do poder ao lado de todos aqueles que lutam por ela, e não na retaguarda, para esclarecê-los" (FOUCAULT). Afinal, a escola é um dos lugares propícios para a luta, já que se deve “lutar contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, objeto e instrumento: na ordem do saber, da ‘verdade’, da ‘consciência’, do discurso” (FOUCAULT)

Rodrigo Gomes disse...

bOM TEXTO.... VC TEM ESCRITO boas coisas sobre política...

mas se eu tivesse no poder tu jah sabe teu futuro neh???

SIBÉIA

Anônimo disse...

Per-fei-to!
De todos os pontos de vista, tanto do da liberdade de decisão (coisa muito dificil de aceitar, principalmente quando a opinião do outro é oposta à nossa) quanto da educação. O conteúdo que nós "amamos" não é nem de longe o que as crianças curtem!
Laura

Rodrigo disse...

Muito bom!

É um texto que eu gostaria de ter escrito.

Abraços

nome: tecnocaos disse...

Lendo esse teu ótimo texto sinto que não preciso ficar tão desesperado por não enxergar nenhum sentido na História, embora eu mantenha essa profunda relação de amor e ódio com ela.

Se essa é sua preocupação com sala de aula, a minha é: como vou ensinar algo que até mesmo pra mim é pouco significativo, embora eu ache muito interessante? É o desafio de ensinar a racionalidade sem depender de uma crença, num mundo onde essas coisas possuem relações tão promíscuas.