Há quanto tempo, neste blog, venho tentando expor uma solução pra determinadas contradições imperantes na vida de muitos de nós? Hj não vai ser diferente. É engreçado como só percebemos certos problemas quando a situação encasca.
Esse momento, o da crise, é o momento próprio para descobertas e apercebimentos... ou para o uso indiscriminado de soma (vide Adimirável Mundo Novo). Há toda aquela ácidez que percorre a espinha, se instala na garganta, estraga o estômago. A propensão aos atos de desespero é constante. Nesses casos, a única coisa que resta é o silenciamento: desligar toda a atenção que há para os movimentos internos, evitando toda a forma de pensar. Na quietude, evitando toda expectativa, pode-se perceber lentamente os pequenos detalhes da vida. Foi o que aconteceu quarta-feira passada. Na situação de silencimento ativo, num aguçamento da sensibilidade, pude compreender em partes uma das principais contradições de minha vida, talvez a raiz de todo o mal, algo q nunca havia dado bola. Sempre procurei nas relações sociais e nos imaginários sociais existentes os males q tanto nos afligem: valores estabelecimentos por uma elite dominante e apropriado pelo restante da população, a atenção dada às questões metafísicas, em detrimento com as questões práticas do nosso cotidiano, etc.
MAS só hj, nesse estado quase contemplativo, pude finalmente entender aquele trechinho duma das músicas cantadas pela elis:
"Minha dor é perceber que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais."
Sempre pensei que era muito diferente da minha mãe e bem longe do meu pai. Imaginava que minhas rateadas tavam mais ligadas a minha mocidade do que a qualquer outra coisa. Até que, na aula da FACED, de psico da educação (quarta), ouvindo aqueles blábláblá freudianos de relação entre bebe, a mãe o pai, a ficha caiu! Percebi que não era senão na relação estabelecida entre mim e a minha mãe, desde a infância, que residia o "x" da questão.
É dessa relação mãe-filho-pai que se pode derivar uma série de pulsões e traumas na vida de uma pessoa. A própria questão do "vazio da vida" pode muito bem residir aí. Conselho, meu(minha) caro(a) leitor(a), pensa muito bem na tua relação com teus pais. Veja quais são as características, manias, etc., deles que vc mais detesta. Talvez essa aversão tenha sido tão forte que, sem te aperceberes, marcou profundamente tua vida. Antes de buscar solucionar teus problemas com o mundo, compete voltar pra casa , olhar nos olhos dos coroas e neles se encontrar. Muito pode ser percebido aí.
A vida não merece desespero. Ela merece apenas um pouco de atenção, um silenciamento. Um único instante, onde ela possa falar. Possivelemente, esses momentos de melancolia não sejam senão a própria vida tentando se expressar.
Basta! Entendo pouco de psicologia. Mas a indicação é boa. Nada disso exclui uma análise sistemática da nossa forma de vida, das nossas relações sociais e econômicas, das representrações formadas ao longo do tempo. Bem pelo contrario, só cruzamento dessas diferentes abordagens pode gerar um pouco mais de luz para o esclarecimento. É engraçado como um problema acaba puxando outro e, nisso, uma possibilidade de descoberta.
Mas. enfim, como bem diria nosso amigo vinicius:
"É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Se não, não se faz um samba não."
6.11.06
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