Minha intenção ao escrever o último texto não foi de criar uma nova meta-narrativa, explicar o mundo todo num textinho e sair roubando pirulito de criança pela rua (se bem que não deixa de ser uma boa idéia...)
Não foi também um texto escrito por um aristocrata, que tem prazer em mostrar força desmedida, pisar no fraco, dar mostras excessivas de poder e cobrar as taxas de ban.
É só ler os últimos textos e vai se ver que, pelo contrário, é o texto de um fudido na vida... um alguém que ouve looser manos, digo, Los Hermanos, e passa por cada história que são duas...
Não e não! Não vejo nessas odisséias, esses momentos difíceis, prazer algum. O único prazer que pode haver é o prazer em sofrer - o que é coisa lamentável, diga-se de passagem. O que dá prazer são, na real, as pequenas coisas do dia-a-dia: ir trabalhar, facu, ler, correr, beijo, escrever, sessão da tarde: coisas de um nerd qualquer. O único prazer que os momentos difíceis podem proporcionar são as pequenas conquistas interiores, as pequenas conclusões, as pequenas descobertas, decorrentes de se ter superado tal momento (aparentemente) hostil.
Falo - e vivo falando - dessas coisas difíceis, um tanto duras, não por prazer, mas por necessidade. Pensar o que se passa, ver onde tudo começa, ter um pouco de sinceridade, visualizar de pouco em pouco uma certa auto-superação... uma luz em meio as brumas das 6 horas da manhã de um dia de inverno - nem que seja farol de carro!
Se chamei de Conquista aquele texto, não é pq a finalidade da vida seja vencer, subjugar, ser glorioso. Muito menos quis dizer o que a vida é. Escrevi o texto por pensar ser imperativo enfrentar a nós mesmos nos nossos pequenos e grandes tormentos. É uma batalha que se direciona não para fora, mas para dentro.
Escrevi aquele texto não para "abrir a mente" das pessoas, mas para convencer o meu eu de 14/15 anos, aquele menino sem noção, sem medida, muito religioso e muito apaixonado - um idealista, acima de tudo. Não quero convencer ninguém que deus não existe, que não há bondade nos corações humanos. Meu objetivo único era (me) avisar que tudo tem muita chance a dar errado; nada é certo; uma coisa muito firme, estável, pode evaporar sem se perceber. Nada começa absolutamente bom e perfeito. Tudo que se considera concluído, bom, perfeito, é fruto de trabalho, estudo, suor, erro, cagada, fracasso e muita persistência (e até, às vezes um pouquino de esperança, uma certa convicção interna, tipo sexto sentido). As coisas não são naturalmente ordenados, mas caóticas; de pouco em pouco, com aquelas hostilidades reais ou imaginárias, do dia-a-dia, aprendendo com a tradição, com os outros e com os próprios erros, aprendemos a ordenar as coisas um pouco melhor. A ordem é uma construção. Tudo se conquista de pouco em pouco. Inclusive pode mesmo ocorrer que quando menos se percebe, podemos perder até aquilo que julgavamos ter, como já bem disse o cabeludo dos evangelhos.
Se fosse catalogar aquele texto, não o colocaria como
Filosofia: Metafísica. Ética.
Mas como:
Psicologia aplicada: Auto-ajuda.
23.2.07
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Um comentário:
Auto-ajuda interior, eu diria.
Muito bom o texto, Lu. Abraço!
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