Fazer passeatas é cansativo, geralmente chato e, quase sempre, possível só a estudantes que têm manhãs e tardes livres. Também tem o custo moral de se fazer parte de um movimento em que estão hasteadas bandeiras de partidos (ao menos pra mim). Além disso, qual o resultado prático dessas manifestações? Ao fim, acho que essas grandes atuações políticas são caras e apresentam escasso retorno.
Partindo desse exemplo, penso que os engenheiros políticos têm que pensar em formas políticas baratas, acessíveis. Algo que se possa fazer no dia-a-dia. Algo que vire rotina. Talvez esta política pequena, difusa, possa fazer com que manifestações maiores, gerais, tenham maior efeito.
Em vez de se fazer manifestações apenas em início de ano contra aumento da passagem, por que não fazer pequenos atos que denunciem, diariamente, o abuso levado à cabo pelas empresas de ônibus? Estava pensando em fazer pequenos desenhos, com algumas frases de efeito, em pequenos papéis e, no verso, colar um pedaço de fita durex. Pode-se pegar este papelzinho e colar do lado da porta de um ônibus. Isso não tem custo nenhum (precisa-se de papel, caneta e fita durex), é uma propaganda poderosa (quantas pessoas não terão lido até que o papel seja retirado), não se configura como vandalismo (durex não deve estragar o ônibus - basta tirá-lo) e é facilmente reproduzível (se se tirar o papel do ônibus, basta colá-lo de novo). Por isso mesmo, qualquer um pode fazer. Não é necessária nenhuma reunião.
Estava pensando também em frases: "pague com uma nota de 50 reais: sem troco = passagem de graça"; "cuidado: você será assaltado"; "usar bicicleta deixa as pernas torneadas". Uns desenhinhos toscos podem acompanhar essas frases.
Passeatas são importantes, sem dúvida. Mas aqui em POA parece que não tem função nenhuma. Pelo contrário, parece que apenas engessam a mobilização política. Por isso acho que é necessário pensar pequeno. Isso lembra aquele ditado: "de grão em grão a galinha enche o papo".
11.2.11
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Um comentário:
É uma boa ideia. Ainda mais que, quando há passeata, ela aparece na mídia sempre com a observação de que "atrapalhou o trânsito" (para eles, as ruas são apenas espaços de passagem, e não de sociabilidade).
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