20.2.08

O caminhos das flores

Coçou o saco, ajeitou a camisa, deu uma última olhada no espelho e partiu. O mesmo caminho. O de sempre, desde os últimos seis meses. Conhecia todos os atalhos. Em vez de descer do ônibus na parada onde desce a maioria das pessoas, puxou a campainha uma antes para tomar um caminho mais curto; seguiu para o estacionamento, com carros e chão de paralelepipedo, com a pressa de quem está meio atrasado. Depois de entrar no prédio, tomou o elevador, não sem antes ficar alguns instantes angustiantes na fila do elevador. Como sempre chegou uns dez minutos antes do exigido, arfando um pouco, não muito a vontade consigo.

Fica a questão: qual a porra de princípios norteadores da escolha desse rapaz? A princípio, parece ser a de tentar, o máximo possível, optimizar o tempo, fazendo qualquer atividade com o menor gasto possível; outro, parece ser o de tomar o caminho menor, princípio que não deixa de estar ligado ao anterior mas, ainda assim, possuí vida própria.

Pois bem, e se esse pusilâme tomasse outros princípios norteadores. Vejamos:

Acordou. Apertou o "soneca" do celular e voltou a dormir. Acordou dez minutos mais tarde, para levantar só cinco minutos depois. Sentou no sofá, com um copo de leite com café na mão, curtindo um som. Arrumou-se ligeiro, sem ter tempo para escovar os dentes. Pegou o ônibus. Atrasado. Mas tinha um porquê: uma boa companhia de viagem... Desceu com ela na parada onde desce a maioria. Seguiu por um caminho o qual sabia ser o mais comprido, com uns canteiros com flores simpáticas... e outro jardizinho também, em frente a um bar, com uma flores a tomar café. Entranto no prédio, tomou as escadas, por detestar filas e por querer fazer pelo menos algum exercício físico no dia. Chegou um pouco atrasado, mas nada de mais. Ficou a pensar na possibilidade de convidar sua companhia de viagem pr'uma ceva depois do expediente de ambos.


Fica a derradeira questão: o que vale mais a pena: o útil ou o bom? Há também uma pergunta decorrente desta, ou talvez até anterior: será que o útil implica algo bom?

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa questão essa do final.
Ótimo conto!

Abraços

Anônimo disse...

boas flores para uma vida útil...