16.8.11

A pegadinha da informação

Tem uma coisa muito séria que esse teatro tosco proporcionado pela Ipanema revela: a velocidade da internet e a ampla comunicação interpessoal, aliada à existência de provas aparentemente factuais ("de fato, está tocando reistarti/latino na Ipanema"), gera uma situação na qual a criação de "fatos" e "verdades" pode ser manipulada com algum sucesso pelos grupos de comunicação de médio e grande porte. Ou, mesmo, por algum blogueiro de influência. E, com isso, gerar uma comoção de inimagináveis conseqüências, de acordo com o contexto. No presente caso, os ouvintes foram só tirados para otários. Mas se estivéssemos na Espanha moderna, vazar a “informação” de que em um bairro houvesse judeus a blasfemar contra a hóstia, teríamos em pouco tempo a explosão de um pogrom.

Sem dúvida, entramos numa nova fase da comunicação, na qual a internet e as redes sociais têm um peso de significância na transmissão de informações. Assim, esses "fatos" e "verdades" passam a ser não apenas da responsabilidade dos grandes núcleos que controlam as mídias de massa, como das pessoas que diariamente se ligam ao Facebook, ao Orkut, ao MSN e outros sites sociais.

Há uma coisa interessante a ser salientada: estamos aos poucos aprendendo a manejar com essa nova realidade e a ponderar sobre a atitude a ser tomada. Se houve pessoas que integraram movimentos de protesto contra a mudança na programação da rádio, houve outras que se posicionaram de maneira cética, com aquele pressentimento: "isso é jogada de marketing". Só que isso leva ao outro lado do problema: e se fosse verdade? Aí sim, os que tomaram parte do protesto estariam plenamente justificados.

O jogo da informação é uma grande pegadinha. Que tem, de alguma maneira, de ser resolvida. (Momento "puxando a brasa pro meu assado": particularmente, acho que a disciplina da história auxilia, em alguma medida, o aprendizado desse jogo).

De qualquer forma, fica o alerta.

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