14.6.10

Beco 203 - programação para quem gosta de ser passado para trás

Vou compartilhar uma coisa realmente estúpida, desnecessária.

Fui à festa do beco 203 na última sexta. Devo dizer que foi lamentável, por dois motivos. Primeiro, a casa descumpriu com aquilo que anunciaram em propaganda, de que a cerveja seria liberada até à 1h. Foi meia-noite e quinze quando encerraram com a promoção. Isso foi ato de propaganda enganosa, de lesão aos direitos do consumidor. Em segundo lugar, meu amigo foi vítima da ação troglodita dos segurantes que trabalharam na noite. Como minha namorada quebrou a mão durante a festa, fui ao hps. Enquanto estava lá, chegou um dos meus amigos que havia ido junto comigo para a festa. Ele estava com a cara ensanguentada e acompanhado de um brigadiano. Aconteceu que ele tomou um soco de um dos seguranças. Ato de puro provalecimento. Meu camarada estava bem bêbado, incapaz de qualquer movimentação agressiva que pudesse justificar tal atitude por parte da casa. Não bastasse isso, foi cobrado do rapaz uma quantia que o mesmo não gastou, até porque estava a beber a beber cerveja durante o período liberado. Achei lamentável a postura da casa nessas duas situações. Lamentável, imoral e ilegal.

Isso, por sinal, é a marca de boa parte das casas noturnas e bares onde frequenta a classe mérdia de POA. Um colega e amigo meu, como muitos devem saber, tomou um soco de um garçon no bar Pinguim por não querer pagar os dez porcento "do garçon". Veja bem, um soco por não querer pagar algo que não está no cardápio. Inclusive, faz alguns dias que um estudante foi baleado por um segurança na boate Roseplace, também aqui em Porto Alegre. Veja a notícia aqui. Sobre cobranças abusivas, posso lembrar os casos de amigos que frequentam aqueles bares caros da Lima e Silva dos quais já foram cobradas cervejas que não foram tomadas. Inclusive, um colega já fez a prova e o resultado foi que pediu três cevas e foram cobradas cinco.

Estou cada vez mais convicto que os lugares onde normalmente vou, ali na José do Patrocínio, com toda aquela fuleragem, são muito mais seguros que esses lugares onde se pagam os olhos da cara para tomar uma cerveja. Posso dizer que, pelo menos, não há seguranças a ameaçar minha frágil existência.

O mais triste é a convicção enraizada em nosso imaginário de que, mesmo que o aparato jurídico oferecido pelo Estado seja utilizado, a casa e os seguranças sairão impunes. Foi isso que fez com que esses meus dois amigos agredidos por seguranças desistissem de procurar a Justiça. É esse tipo de atitude que garante a impunidade não apenas a seguranças violentos como a empresas de ônibus que aumentam o preço da passagem sem melhorar o serviço oferecido. Basta pegar um Belém Velho Crital, Restinga ou Belém Novo para saber do que estou a falar.

Para terminar, dá para pensar que uma das características da classe mérdia de POA é a de ser passado para trás e, com a pose de galo de rinha, dizer: "Não dá nada! Deixa que eu pago!". Ou mais resumidamente: tomar no rabo e sair de peito estufado.

5.6.10

Maturidade é uma coleção de remorsos.