20.11.10

A direita não se mostrou melhor que a esquerda

Foi um feeling que se mostrou correto. Uma expectativa vacilante que se tornou mais concreta que cimento. Veja aqui.

A direita, apesar de estudar administração e direito, se mostrou tão ou mais incapaz que a esquerda para administrar e respeitar o que é público. Na sua fajuta defesa de imparcialidade, se mostrou tão comprometida com interesses outros além dos que interessam exclusivamente à academia. Não que eu ache que estudante tenha que pensar apenas em estudo, muito pelo contrário.

O pessoal da direita poderia ser levado mais a sério se aceitasse que não é apartidária e não é desinteressada. Que é passível de falhas e que joga o jogo sujo da política, muitas vezes. Desde que entrei na universidade, este é o primeiro ano em que o sistema eleitoral foi colocado em xeque. Justamente pelos arrogados (e arrogantes) defensores da liberdade.

[comentário da Aline: os caras são tão liberais, mas tão liberais, que querem ter a liberdade de burlar o sistema]

2.11.10

E aí, Dilma?

O que falta fazer?

As primeiras coisas que vêm em mente são as de descriminalizar o aborto e, aos poucos, ampliar o acesso ao mesmo recurso; também, já está mais do que na hora de liberar o casamento entre homossexuais.

Outras coisas? Quem sabe, reduzir os gastos no aparelho estatal. Vêm em minha mente a papelada que eu já vi ser disperdiçada em alguns órgãos públicos.

Outra coisa? A oposição deve continuar sendo oposição, desde que tenha razão. É por este meio que a democracia se torna viável.

Da mesma forma, a concordância com o governo estabelecido não pode fazer cegar os olhos para os casos de más escolhas do governo. Nisso se deve incluir, evidentemente, a corrupção.

Pressão ao Estado, já!

29.10.10

O humanismo da Igreja Católica

O humanismo do líder da Igreja Católica é defender padres pedófilos e condenar mulheres grávidas que, muitas vezes desesperadas, preferem o aborto que a geração de um filho. Pergunto-me: para que mais crianças no mundo? Para os padres terem mais menin@s para diversão particular?

27.10.10

Votoserrapq - Tucano só no mato ou no zoológico

Aconselho visualizar este vídeo no próprio youtube.









25.10.10

Serrismo, ou lulismo à direita

Imagine um candidato que apareça como um Messias, amigo íntimo do trabalhador, contrário a toda a corrupção e defensor do bem-estar dos fracos e oprimidos, como mulheres, idosos e crianças. Além disso, que o mesmo candidato paute seu discurso na existência de duas grandes forças universais, opostas entre si, e que está definitivamente comprometido com aquela que é a favor do povo. Pois bem, este tipo de candidato é bem conhecido e o senso comum político já lhe deu um títul0, que é o de populista. E, com as características que citei, se poderia considerar este suposto candidato como um populista muito mau-caráter, porque pretende se legitimar / desprestigiar todo o adversário por meio de instrumentos discursivos e emocionais e não apenas por meio do discurso racional.

No caso brasileiro, há alguns anos, o populismo recebeu uma alcunha própria: o lulismo. Os bons liberais vociferavam contra a figura do atual presidente da República, delineando-a como a de um déspota da década de 1930, condutor de massas ignorantes. Praticamente um novo Getúlio Vargas ou Mussolini. Outros, como eu, apesar de concordâncias em relação a algumas das tendências (sociais) do partido, preferiram adotar oposição por discordância quanto ao tom da propaganda.

E o que encontramos nas atuais eleições? No meu entender, uma nova forma de lulismo. Desta vez, um lulismo de direita, teocêntrico e exacerbado. Um médico religioso que é contrário a políticas de saúde pública que permitam às mulheres pobres abortarem filhos indesejados. Um professor (como ele mesmo se qualificou) que tem as propostas liberais de criar uma figura fixa na estrutura escolar do País que é a do professor assistente estagiário (por quê não um contratado?) na educação infantil e de estimular financeiramente escolas e professores que se saírem melhor nos exames de educação - o que é o mesmo que favorecer escolas que se destaquem por possuir melhor infra-estrutura e atender os filhos da classe média que não tem condições de pagar pela educação privada. Um político que se auto-intitula como “do bem”, inimigo de toda corrupção e que afirma que o vício na administração dos bens públicos é “coisa da gente do partido da outra candidata” - mas que não diz que seu nome está envolvido em um sério escândalo, o chamado Escândalo das Sanguessugas.

A propaganda do Serra, no meu entender, é uma afronta à inteligência e um golpe contra a política racional e democrática. Não me resta senão escolher pelo que é menos pior. Ou, no campo da educação, escolher pelo que é possivelmente bem melhor, apesar dos muitos pesares.

9.10.10

Uma vaia

Mando uma vaia para essa gente que chama de "liberdade de expressão" o monopólio dos meios de comunicação exercido por menos de meia dúzia de grandes corporações da grande mídia.

28.9.10

Uma apreciação filo-marxista da arte

A apreciação da arte - e, talvez, a própria qualidade da obra - se mede pela grandeza tempo. Quanto tempo se passou observando o mesmo quadro? Quantas vezes se ouviu a mesma música? Quantas vezes se assistiu o mesmo filme? Quanto vezes se leu o mesmo poema? O tempo passado em contemplação é um bom indicativo do quanto uma obra de arte pode impactar o espírito.

Se a apreciação artística consome muito tempo e o conceito de contemporâneo se define pela velocidade e fugacidade, logo, arte contemporânea é uma contradição em termos ou uma anti-arte. Isso me faz lembrar, sem dúvida, minhas poucas e apressadas visitas à Bienal de Arte Contemporânea.

22.9.10

rima pobre mas gozada


Uma mulher a saciar:


um mundo a conquistar!

18.9.10

A defesa da libertinagem de mercado num País como o Brasil é ingenuidade da classe média ou assanhamento da burguesia.

5.9.10

Uma noite justificada

Padecia daquele mal que impedia dormir. Uma, duas, três horas da madrugada. Ficava acordado, zapiando canais; havia também as inutilidades na internet. Numa das noites, cansou e foi para cama. Não dormiu. Levantou-se e abriu a última das cervejas. Terminada a lata, decidiu enfiar o pé na jaca. Tomou alguns trocados consigo e pôs-se na rua.


Partiu para a casa de uma ex. Ex-amante. Ex-namorada. Ex-amiga. Tocou como louco o interfone de sua casa. Bateu palmas. Gritou. Uivou. Ouviu os xingamentos de vizinhos e do tio da moça. Enfim, a mesma deu-se ao trabalho de sair de casa e, com xingamentos a cada dez palavras, perguntou o que estava ele a fazer ali. Ele disse estar apaixonado. Tudo ocorreu da forma a mais equivocada entre eles dois. Sabia estar errado. E ela também o estava, em alguma medida. Perguntou se ela tinha cervejas. Ela praguejou o mandou-o pastar.


Ele pediu calma e licença para entrar. Ela resistiu, mas cedeu. Sabia que seu pau era potente. Entraram, tomaram cervejas, conversaram e fuderam. Fuderam à velha maneira. Saíram sujos, suados. Fluídos de animal pelo corpo, especialmente na região do ventre. Ele deu uma última lambuzada no rosto dela, beijou-a e partiu. Iria procurá-la daqui a alguns dias, para transarem novamente. Dessa vez, ela quebraria o único vaso de flores que havia na casa no torso do rapaz. Mais um mês, ela ligaria para ele. Mas isso ainda seria futuro. A noite não acabou.


Passou perto de um bar e pediu uma cerveja. Conversou com o dono do estabelecimento. “Estabelecimento” é elogio para a pocilga em que se encontrava, um legítimo buteco com velhos bêbados tomando pinga barata com coca-cola. Catinga de álcool com cigarros paraguaios e barulhos de pigarros. Escarros pelo chão. Conversa sobre putas e bêbados. Descobriu que havia uma vagabunda que, não longe dali, se entregava fácil para quem lhe pagasse cinco pilas. Com as bolas murchas, nem cogitou no empreendimento. Quem sabe no futuro? Pensou no fudúm dessa menina. Quinze anos, segundo o biltre que lhe atendia. Que horror! Pelo menos não era sua irmã.


Quase quatro horas, com o bar prestes a fechar, "decidiu" que era hora de voltar para casa. Quase sem dinheiro, longe de casa, tomou outra “decisão”: voltaria a pé. Não precisava se preocupar, porque no dia seguinte não iria trabalhar: o bom e velho sábado! Lembrou-se dos botecos com seguranças e com cobrança pela entrada. Sentiu vontade de vomitar. Não sabia se pelo excesso de álcool ou pela imbecilidade da classe média. Classe média da qual “honrosamente” participava. Vomitou pelos dois motivos, possivelmente.


Na longa trajetória até sua casa chegou à conclusão de que seria melhor ter ficado em casa. Lembrou-se dos canais de tv, do orkut e da foda e da gozada e desistiu do arrependimento. Pernas cansadas e mendigos pela rua. Nossa, sentiu como era fudida a sua vida! Sentiu um auto-desprezo sem tamanho. E muito medo, porque os trombadinhas o espreitaram. Ouviu coisas como “perdeu, tio, passa o que tem!”. Como realmente não tinha nada, tomou uns sopapos, acertou um ou dois socos, e o deixaram em paz. Precisava de mais algumas cervejas. Mas não tinha nem dinheiro, estava longe de casa e com um gosto de soco na boca. Ao menos chegou a ter um gozo naquela noite.


Mas não foi por sexo que saiu. Nem por diversão. Realmente, não sabia o que fazia ali. Por que não dormia? Não sabia. Só sabia que precisava de um pouco de cerveja; e um carinho.

31.8.10

Resposta ao GG (por falta de espaço no orkut)

Meu velho, acho que há uns desentendimentos na nossa conversa.


Quando eu disse que o voto nulo é a única forma institucional de demonstração de insatisfação, não quis dizer que era a única forma de expressão de insatisfação, muito menos o único meio de atuação política. Para protestar contra um governo, eu poderia partir para o panfletaço, para o discurso em praça público. Evidentemente que o ideal é que a atuação política quotidiana esteja relacionada com as eleições. Mas, das diferentes formas de atuação política, a única que orienta a organização do corpo do Estado é o ato de votar. Por isso falo em forma institucional. Mas eu concordo plenamente com a tua observação: a práxis (conceito, no meu entender, vigoroso e pertinente) política nacional é uma catástrofe (por sinal, não me eximo de responsabilidade).


Sobre meus gostos relativos aos partidos políticos, há dois pontos. 1 – as propostas do PSDB, DEM e PMDB e o tipo de gente que participa desses partidos não me agradam. Podem elogiar a Yeda por ter sanado as finanças do Estado, mas isso se fez a custa de fechamento de laboratórios e bibliotecas nas escolas públicas. 2 – sobre os partidos de esquerda, como o PT e o P-SOL, o problema é outro. Tu conheces muito bem a forma de organização deles: de um lado a base que “panfleteia” e discute sobre a revolução e de outro a cúpula que decide sobre as diretrizes do partido. Os casos mais graves são um bom exemplo: a cisão entre o PT e aquela galera que fundou o P-SOL; o recebimento por parte da Luciana Genro de grana da GERDAU. Há outro aspecto importante e que tu também deves detestar. Uma parte significativa dessa galera de partido se acha a parte mais refinada da intelectualidade, como que verdadeiros homens emancipados responsáveis pela desalienação das massas. Tu sabes do que eu estou falando, né?


Eu não sou contra a participação política em partido. Não sou contra o sistema democrático brasileiro. O que me incomoda é a forma como a engrenagem funciona. A impressão que eu tenho é que a participação no sistema exige a corrupção e o uso da política baixa. Quando falo em política baixa lembro-me de políticos que vão fazer promessas em vilas pobres e de militantes que arregimentam bixos para eleições no DCE. São por esses motivos que prefiro me abster de votar. O voto nulo, nesse sentido, é uma afirmação de que não concordo com isso.


Eu sou a favor, sim, de que as eleições se tornem livres, opcionais. Aí aconteceria quase que o mesmo que normalmente acontece nas eleições do DCE. Como no último ano, bem menos da metade dos estudantes votou (1/4 do total?) e o grupo que saiu vencedor hoje se considera legítimo representante dos estudantes. Essa é a questão: que tipo de governo racional pode se considerar legítimo quando recebeu votos de metade de menos da metade do público votante (quero dizer, menos de um quarto)? Se esse é o caso do DCE e se isso não gera grandes empecilhos a sua atuação, acredito que o mesmo não aconteceria em âmbito federal. Isso, no meu entender, colocaria um pedregulho enorme no sapado da classe política. Seria a "assinatura em baixo" da crise política de que tanto se fala.


Reitero: não sou contra o sistema democrático, apenas acredito que a obrigação da votação é o meio pelo qual o sistema político se legitima. Posso estar severamente enganado, mas eu acho que o voto nulo, enquanto expressão de descontentamento, é um meio de atuação política, sim. Quero dizer, eu tenho os meus porquês, por piores e mal calculados que sejam. E, quando os publico no meu blog, é justamente para isso, para pô-los a prova. Para que as pessoas digam se concordam ou não. Assim sendo, te agradeço a generosidade de duvidar de mim e se pôr a escrever (mas eu sei que tu só faz isso pra agradar teu ego ;).

27.8.10

Voto nulo

Há gente que vive a reclamar da política no País. E, quando chegam as eleições, sempre vota. Essa situação é muito contraditória. Se o voto é o instrumento de legitimação das instituições políticas e se o sujeito considera o Estado corrupto, então, por que vota?

Umas das maiores quase-certezas que tenho é a seguinte: o voto no Brasil é obrigatório porque, se não o fosse, a mor parte da população não iria votar. Assim sendo, acho que a melhor forma para pressionar a corja é assustá-la com um alto nível de votos nulos. Aí, quem sabe, a coisa toda fosse menos escrachada.

22.8.10

Hoje eu tô de bermudinha, sem camisa. De saco cheio de calças e casacos. Por mim, ficava só de cueca. Mas os pudores me impedem. Tomara que não falte muito para a primavera.

14.8.10

Ismos imperiais

Fascismo, comunismo, socialismo, liberalismo e até mesmo o anarquismo são tendências políticas que, apesar de muito diferentes entre si, apresentam uma linha que as une. Todas elas pretendem implementar um sistema único de organização da sociedade. (Se preferirem, talvez o anarquismo não se encaixe neste perfil.) Seus principais intelectuais são vistos como profetas e seus defensores menos inteligentes (e por vezes até os mais inteligentes) agem como verdadeiros apóstolos. O maniqueísmo é um elemento discursivo central: se a minha fé pode garantir o bem-estar da população e o progresso (palavra-chave), o diferente é sempre o outro opressor e ganancioso. A implementação do sistema ideal na sociedade deve ser total - deve compreender a tudo e a todos. Dois bons exemplos, um socialista e outro liberal: as fazendas coletivas stalinistas e a implementação da propriedade privada sobre a terra na Inglaterra e na Índia, levadas a cabo pela Inglaterra. Em sentido inverso, estas duas políticas, opostas por natureza, implementaram de cima para baixo um sistema de organização fundiário que desestruturou as formas tradicionais de acesso e uso da terra. Evidentemente, foram processos muito diferentes, com premissas e resultados igualmente diferentes. Mas a perspectiva é a mesma: a estrutura econômica e social foi reorganizada de acordo com as diretrizes ideológicas de quem detinha o poder. Nesse sentido, parece-me que os ismos só podem ter sucesso quando se sobrepõem aos demais e os aniquilam. Os ismos são expansionistas por natureza e guiados por uma meta imperialista. Dito isto, pergunto: quais as diferenças de formato e de método entre o dce de esquerda e o dce liberal? Ao que me parece, a partir dos fatos de conhecimento comum, se existem, talvez sejam poucas. E insignificantes.

6.7.10

emeteve e globalização

Poucas empresas mostram tanta flexibilidade em seu projeto globalizador como a MTV. Se essa empresa, fundada apenas em 1981, conquista a audiência de jovens de quase todo o mundo, é graças a sua capacidade de combinar várias inovações: mistura de gêneros e estilos, de rebeldias roqueiras a melodias hedonistas e "pensamento liberal normalizado", associa-se a "grandes causas" (luta contra a pobreza, o analfabetismo, a AIDS e a poluição), propondo exercícios de cidadania internacionalizados compatíveis com um sentido moderno e sensual da vida cotidiana. Ao mesmo tempo, a MTV criou cinco filiais regionais em menos de dea anos, duas para a América espanhola, uma no Brasil e outra em Miami, com pessoal de vários países da região e espaço para grupos nativos que compensam, em certa medida, o predomínio da música norte-americana.

Néstor Garcia Canclini. A globalização imaginada. Ed. Iluminuras, 2003.

1.7.10

Lamentável notícia: estupro cometido por filho de dono de grande empresa jornalística

Recebi a mensagem de uma amiga minha. Uma jornalista muito inteligente, por sinal. Não fiquei muito confiante, à princípio. É uma notícia muito assustadora. Mas minha mãe ficou sabendo da mesma história com sua chefe, conhecida do pai do criminoso. Então, a história é quente.

Para acessar a página, clique aqui.

Gostaria de retomar aquele velho e [infelizmente] válido clichê:

A RBS MENTE!!!!

14.6.10

Beco 203 - programação para quem gosta de ser passado para trás

Vou compartilhar uma coisa realmente estúpida, desnecessária.

Fui à festa do beco 203 na última sexta. Devo dizer que foi lamentável, por dois motivos. Primeiro, a casa descumpriu com aquilo que anunciaram em propaganda, de que a cerveja seria liberada até à 1h. Foi meia-noite e quinze quando encerraram com a promoção. Isso foi ato de propaganda enganosa, de lesão aos direitos do consumidor. Em segundo lugar, meu amigo foi vítima da ação troglodita dos segurantes que trabalharam na noite. Como minha namorada quebrou a mão durante a festa, fui ao hps. Enquanto estava lá, chegou um dos meus amigos que havia ido junto comigo para a festa. Ele estava com a cara ensanguentada e acompanhado de um brigadiano. Aconteceu que ele tomou um soco de um dos seguranças. Ato de puro provalecimento. Meu camarada estava bem bêbado, incapaz de qualquer movimentação agressiva que pudesse justificar tal atitude por parte da casa. Não bastasse isso, foi cobrado do rapaz uma quantia que o mesmo não gastou, até porque estava a beber a beber cerveja durante o período liberado. Achei lamentável a postura da casa nessas duas situações. Lamentável, imoral e ilegal.

Isso, por sinal, é a marca de boa parte das casas noturnas e bares onde frequenta a classe mérdia de POA. Um colega e amigo meu, como muitos devem saber, tomou um soco de um garçon no bar Pinguim por não querer pagar os dez porcento "do garçon". Veja bem, um soco por não querer pagar algo que não está no cardápio. Inclusive, faz alguns dias que um estudante foi baleado por um segurança na boate Roseplace, também aqui em Porto Alegre. Veja a notícia aqui. Sobre cobranças abusivas, posso lembrar os casos de amigos que frequentam aqueles bares caros da Lima e Silva dos quais já foram cobradas cervejas que não foram tomadas. Inclusive, um colega já fez a prova e o resultado foi que pediu três cevas e foram cobradas cinco.

Estou cada vez mais convicto que os lugares onde normalmente vou, ali na José do Patrocínio, com toda aquela fuleragem, são muito mais seguros que esses lugares onde se pagam os olhos da cara para tomar uma cerveja. Posso dizer que, pelo menos, não há seguranças a ameaçar minha frágil existência.

O mais triste é a convicção enraizada em nosso imaginário de que, mesmo que o aparato jurídico oferecido pelo Estado seja utilizado, a casa e os seguranças sairão impunes. Foi isso que fez com que esses meus dois amigos agredidos por seguranças desistissem de procurar a Justiça. É esse tipo de atitude que garante a impunidade não apenas a seguranças violentos como a empresas de ônibus que aumentam o preço da passagem sem melhorar o serviço oferecido. Basta pegar um Belém Velho Crital, Restinga ou Belém Novo para saber do que estou a falar.

Para terminar, dá para pensar que uma das características da classe mérdia de POA é a de ser passado para trás e, com a pose de galo de rinha, dizer: "Não dá nada! Deixa que eu pago!". Ou mais resumidamente: tomar no rabo e sair de peito estufado.

5.6.10

Maturidade é uma coleção de remorsos.

25.5.10

14.5.10

O Grande Irmão

Um dos grandes momentos de Cid Moreira.

17.4.10

Ética e estética

Existe relação entre ética e estética? Furto-me à resposta, mas deixo esse vídeo, belíssimo, por sinal, que talvez ajude a pensar na relação das duas coisas. Ou na não relação.

Esta é a introdução da ópera Os Mestres Cantores de Nurenberg, de Richard Wagner, conduzida por Wilhelm Furtwangler, na Alemanha, em pleno ano de 1942. Proveito garantido!

6.4.10

Liberdades

Os intelectuais que defendem o capitalismo e a suposta liberdade de mercado têm os ares dos profetas do Antigo Testamento e dos evangelizadores cristãos. Sem dúvida, um resquício do racionalismo europeu, que se pretendia também como doutrina de salvação da humanidade. Lembram, igualmente, os velhos (e novos) socialistas que pregavam o reino da Justiça e da Igualdade.
O conceito ponta-de-lança do discurso liberal é, perdõem a redundância, o de liberdade ou, antes, as liberdades - de comércio, de opinião, de ir e vir, de comportamente, entre outras.
Até aqui, tudo bem!, pois também sou desse partido. Se alguém quiser plantar batata e vendê-la no mercado: que meta bronca! Se quiser queimar dinheiro, também!
Seria muito bom se, realmente, as pessoas tivessem maiores liberdades e condições de serem seus próprios patrões, tal como propõem os bons liberais.
Nesse sentido, é muito bonito usar e defender a palavra liberdade. Mas me pergunto: o que é a liberdade pensada pelos participantes do Fórum da Liberdade, que ocorrerá em breve? Mais ainda, liberdade para quem?
Quando os bons liberais falam em liberdade econômica, tratam o empreendedorismo como se fosse o fator fundamental para o sucesso da empresa capitalista. Eu, por outro lado, partilho a opinião do velho Marx: para se produzir capital, é necessário capital. E quanto mais capital - mais capital! De forma evidente, a questão não se encerra aí. É necessário saber como investir o capital inicial. Tem que se ter um mínimo de conhecimento técnico do ramo em questão. E tanto quanto estes pré-requisitos, precisa-se de um horizonte de aspiração o mais vasto possível, algo que, em partes, se constrói em casa. Este último ponto é fácil de verificar: basta perguntar ao filho de um pedreiro e ao de um médico quais seus sonhos de vida e o que pensam do futuro.
Enfim, parece-me que, numa sociedade de recursos desigualmente distribuídos, sejam eles econômicos, técnicos, simbólicos e sociais, a liberalização da economia só pode gerar aumento das mesmas desigualdades. Ou seja, os resultados últimos serão liberdades para lobos, com um possível aumento da restrição à liberdade para muuuita gente.
Uma liberdade mais ampla, em que se possa comprar e vender o que se quiser, se possa escolher a forma de trabalhar (ou não trabalhar), em que se possa dizer o que se pensa, acessar o que for desejado, não será alcançada apenas por meio de ações no campo econômico. Questões como política, cultura, educação são fundamentais.
Qualquer um sabe que economia não depende apenas de vontade e moral, com exceção dos defensores do livre mercado quando procuram explicar a existência da pobreza (tipo: "pobre é pobre porque é acomodado!"). Numa sociedade como a nossa, onde a desigualdade é estrutural e histórica, a noção de liberdade econômica não pode ser separada da existência de meios que garantam aos mais desafortunados o acesso ao know-how de diferentes ocupações, à crédito e à circulação de informação. Isso é: são necessárias políticas amplas, efetivas e sérias, que possibilitem cobrir as distâncias existentes entre os diferentes individuos para que, assim, a sensação e a possibilidade de liberdade sejam realmente mais possíveis a um conjunto maior de pessoas.
Termino por aqui, de "supetão", mas prometo, para a próxima postagem, a exposição da minha noção de liberdade capitalista.

8.3.10

Estas me parecem as consequências lógicas da proibição do sexo para os padres católicos: homosexualismo e pedofilia. A primeira é aceitável, além de propiciar uma série de boas histórias de ex-seminaristas que pegavam padres. Já a segunda é lamentável e aponta um dos lados criminosos da Igreja Católica. É o preço que a dita igreja paga por colocar a propriedade à frente da moral e da natureza humana.

Notícia do dia 06/03.

"Padres alemães são acusados de ter espancado e abusado sexualmente de garotos há décadas, em pelo menos três instituições da Bavária, região no sul do país onde nasceu o papa Bento XVI. Uma delas é um famoso coro que já foi liderado pelo irmão do atual pontífice.

As denúncias dos abusos vieram à tona após casos ocorridos em escolas jesuítas de outras regiões chocarem a Alemanha, no mês passado. Os abusos foram registrados no coro da catedral de Ratisbona, na escola do monastério beneditino de Ettal e em uma escola de capuchinhos em Burghausen.

O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos, irmão do papa e que liderou o coro de 1964 a 1994, disse a uma rádio local que não tinha conhecimento dos abusos no coro. O grupo costuma se apresentar por toda a Alemanha e em outros países.

A diocese de Ratisbona, onde o papa ensinou teologia na universidade de 1969 a 1977, afirmou que não há casos atuais de abusos e que deve investigar as acusações de ocorrências passadas. Segundo a diocese, um padre abusou sexualmente de dois garotos em 1958 e foi condenado a dois anos de prisão. Outro clérigo cumpriu pena de 11 meses em 1971. Ambos já morreram."

Notícia do Estadão, na integra aqui.

1.3.10

Venezuelanas

"José Gregorio Nieves, secretário da organização não-governamental Jornalistas pela Verdade, informou recentemente a representantes da União Européia que circularam em Caracas que nos últimos 11 anos, correspondente exatamente à ascensão do presidente Hugo Chávez, houve um avanço na democratização da comunicação na Venezuela. Ele baseia as suas informações em números. Segundo Nieves, há atualmente um total de 282 meios alternativos de rádios e televisões onde a população que não tinha voz agora tem."

Artigo de Mário Augusto Jakobskind, no Observatório de Imprensa, na integra aqui.

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"Além da 'RCTVI' foram suspensos outros cinco canais com o argumento de que não cumpriam as normas da legislação para meios audiovisuais venezuelanos, como transmitir obrigatoriamente as mensagens ao país e discursos do presidente Hugo Chávez.

A 'RCTVI' e o peruano América TV são os únicos que continuam sem transmitir. O resto já recebeu o sinal verde da Comissão Nacional de Comunicações, que certificou que se trata de canais internacionais e portanto não sujeitos a essas normas.

A suspensão dos canais, e especialmente da 'RCTVI', que mantém uma linha crítica ao Governo, provocou críticas no estrangeiro e no país, onde aconteceram manifestações a favor e contra, nas quais houve dois mortos e dezenas de feridos."

Notícia encontrado no portal do Yahoo, aqui.

26.2.10

Tio Sam e Fidel no Parquinho

Uma coisa me parece certa: EUA e Cuba diferem mais por forma que por conteúdo. Comecemos pelo último ponto.

Ambos os países são Estados-Nações e guiam suas ações de acordo com estratégias comuns a qualquer outro Estado. O outro lado do espelho do controle de árabes ou persas (os "terroristas") nos aeroportos dos EUA é o policiamento da entrada de estadunidenses ou saída de cubanos de Cuba. Dizer-se liberal e capitalista em Cuba traria as mesmas penalidades que dizer-se comunista na década de 1960-70 ou islâmico, atualmente, nos EUA. Enfim, ambos países possuem políticas de controle ideológico.
Evidentemente, a luta política não é apenas ideológica, mas é também militar. Se o governo comunista cubano assassinou um número enorme de inimigos, quantos mais os Estados Unidos não o fizeram, levando-se em consideração os fatos de ser uma país não apenas mais antigo e poderoso, como um país que se envolveu em maior número de guerras. Se não podemos esquecer das centenas de pessoas silenciadas pelo regime de Fidel, não podemos esquecer as outras tantas igualmente vitimadas pela FBI e pela CIA, pelos marines e pelas bombas erráticas que caíram sobre hospitais (como aconteceu no Iraque). Indo e vindo,
ambos são Estados em estado de guerra.
Em termos de política interna, não parece haver diferença entre um país comunista de partido único e o domínio "liberal" de quatorze ou quinze grandes corporações. Talvez, nesse sentido, a diferença seja mais de quantidade que de natureza.
No que tange à alimentação, também vejo alguma semelhança. O outro lado de uma população empobrecida que tem facilidade de acesso à comida gordurosa e prejudicial à saúde é uma população ainda mais pobre que tem acesso a um mínimo de alimentação garantida pelo Estado.
O passado também apresenta paralelo interessante: ambos os países romperam de forma admirável com o jugo estrangeiro. E, em ambos os casos, alguém se deu mal. A consolidação dos EUA significou o extermínio de N povos nativos, políticas de controle sobre a América Latina, bombas atômicas no Japão e outros tantos mísseis no Oriente Médio; por outro lado, a consolidação da ditadura de partido único em Cuba não impediu a manutenção da pobreza do povo.


Possivelmente existem outras semelhanças de conteúdo listáveis, mas prefiro ir, agora, para a diferença de forma, que é fundamental: se os EUA são um país rico e poderoso (apesar de bastante endividado), Cuba não passa de mais um pequeno país paupérrimo da América Central, que procurou se manter longe do domínio norte-americano. Este pequeno fato torna cômico os ataques de pânico e raiva de todo bom liberal quando o nome deste pequeno principado vermelho é citado. Somente depois, e bem depois, outros países conseguiram a mesma façanha, como Nicarágua, Bolívia e Venezuela.

E onde quero chegar com estas pequenas reflexões? No seguinte: as disputas entre liberais e comunistas acabam sempre sendo estéreis porque cada um defende o seu lado manejando (ou escondendo) fatos e teorias de acordo com seus imperativos ideológicos. Se um diz que a terra do Tio Sam é o país da Liberdade e da Democracia e que Cuba é dominada por um tirano, o outro defende que em Cuba ninguém morre de fome e todos têm boa assistência médica em plena América Central, enquanto os Estados Unidos são um país imperialista que espalha pobreza pelo mundo. Eu diria que ambos os contentores estão corretos... e estão errados.
Liberais e comunistas são garotinhos que brigam constantemente no parque de diversões da ideologia, lutando pra ver quem vai se apossar do balanço. E, qualquer um que tome o brinquedo, uma hora estará no alto para, depois, voltar ao chão e ver recomeçar a briga. Com fortes possibilidades de ver a inimizade tomando conta do que fora seu até então.

9.2.10

Cutrale: Quem está gerando destruição para a sociedade?

1 de fevereiro de 2010

Do Passa Palavra

"A ocupação da fazenda grilada Capim, realizada em outubro de 2009, não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira que buscava chamar a atenção para a absurda grilagem de terras públicas feita exatamente pela transnacional Cutrale.

As ocupações denunciavam também a parcialidade da Justiça e do Executivo, extremamente lentos para arrecadar terras ou recuperar áreas da União griladas, porém extremamente ágeis na hora de reprimir e criminalizar os trabalhadores rurais sem-terra. Ao invés de se inverter as prioridades, o que temos visto nos últimos dias é um acirramento da repressão e do terror contra aqueles que lutam com muito custo para se manter no campo, viver e produzir com dignidade – ao invés de incharem ainda mais as já super-populosas cidades brasileiras. A resposta do Estado, no entanto, associado à grande imprensa e a serviço do agronegócio, é fortalecer ainda mais um modelo agrícola excludente e insustentável sócio-ecologicamente, agravando, em consequência, ainda mais o cenário de desequilíbrio ambiental e de calamidade social que temos vivido nos últimos tempos, principalmente nas grandes cidades brasileiras.

Ora, todas estas ocupações não são feitas sem um profundo conhecimento da região, de sua estrutura agrícola desigual, do cotidiano local e das necessidades das pessoas que lá vivem. Conforme o quadro abaixo, com dados oficiais do Incra, podemos verificar que esta empresa do agronegócio, mesmo monopolizando o bilionário setor mundial de laranjas e sucos, tem se especializado há anos em grilar médios e grandes latifúndios no estado de São Paulo. E mais do que isso: especula nestas terras de acordo com o interesse de seus donos e acionistas, e apenas produz quando e quanto bem interessa para os cálculos do seu monopólio de mercado."


Texto, na integra, disponível no endereço: http://www.mst.org.br/node/9010

23.1.10

Voto

Democracia significaria liberdade se o indivíduo tivesse possibilidade de escolher entre votar e não votar. Isto é, entre legitimar ou não a estrutura política vigente. Democracia significaria liberdade se o indivíduo tivesse possibilidade de gostar ou não dos símbolos patrióticos impostos pelo governo central.

Mas não! Nossa democracia significa ser obrigado a votar e legitimar a atuação de todo e qualquer biltre que asceda ao poder, mesmo que seja alguém para com quem se tenha ojeriza. Significa também prestar homenagens a simbolos bizarros e de péssimo gosto. Os hinos nacional e rio-grandense são atentados intelectuais jogados contra a cabeça de crianças em todo o País.

Acredito que um passo positivo para a consolidação da democracia no Brasil seria o de tornar facultativo o voto. O indivíduo só saíria de casa apenas se estivesse muuuito interessado em fazer eleger seu candidato. Naqueles casos em que não houvesse nenhum candidato em especial, o cidadão poderia ficar em casa, ao invés de fazer sua decisão de acordo com a oferta de santinhos.