29.2.08

Kenya, informação, perspectiva, limitação e descoberta

Parece haver possibilidade de diminuir a tensão no Kenya, de acordo com esta notícia aqui, do Libération. Os dois protagonistas do confronto, os presidentes dos partidos rivais, assinaram um acordo, sob a supervisão de Kofi Annan, tendo como principal medida a criação do cargo de primeiro ministro, coisa até então inexistente no campo institucional kenyano.
Olha, sinceramente, esse tipo de política não me interessa. Meu foco de interesse, na real, ficou para a última linha da notícia: o saldo da crise pós-eleitoral é de 1.500 mortos e 300.000 "deslocados". Caralho! Três Maracanas lotados longe de suas casas e a única marca disso na notícia são números... tá, eu sei, têm muitas notícias tratando da situação das populações mas, se notarmos, boa parte do jogo informacional ao qual estamos habituados tem por foco essa mesma relação entre políticos, empresários, atores e companhia limitada. Para ver os grupos subalternos, só na página policial e, evidentemente, nos classificados . É o velho padrão ao qual talvez nem tenhamos noção de sua existência. O migrante, o desclassificado, o ilegal, o desaparecido, são todos exotismos, coisas interessantes, notícias relâmpagos: nunca são a situação estrutural, o estruturante!
Penso na formação no minha faculdade: quais foram as oportunidades ali encontradas para se poder entender o mundo pós-colonial, dito terceiro mundista, senão com ferramentas retiradas de autores que nunca saíram da Europa. Mesmo autores do Brasil e da América Latina, muito pouco é aqui conhecido. E o que resta? Resta só o esforço político de ir atrás de autores fundamentais latino-americanos, asiáticos e africanos, aprender inglês na marra e fazer tentativas de pôr novas perspectivas em circulação.
Nossos padrões mentais, intelectuais, são tão fechados, tão quadrados, tão moldados, que a idéia de tentar perceber o desconhecido debaixo do nosso nariz soa estranha. Mas há um sinal demontrativo dessa limitação: quando achamos desnecessário conhecer o desconhecido, quando achamos não haver desconhecido necessário, sejam autores, sejam fatos, sejam perspectivas, então estamos realmente de acordo com a situação das coisas, quero dizer, com a nossa situaçã de miopia crônica. E o que resta?

22.2.08

Caos no Kenya

Vídeo encontrado no The Guardian sobre a situaçã lá no Kenya, aqui. Apesar de ser em inglês, vale a pena dar uma olhada.

20.2.08

O caminhos das flores

Coçou o saco, ajeitou a camisa, deu uma última olhada no espelho e partiu. O mesmo caminho. O de sempre, desde os últimos seis meses. Conhecia todos os atalhos. Em vez de descer do ônibus na parada onde desce a maioria das pessoas, puxou a campainha uma antes para tomar um caminho mais curto; seguiu para o estacionamento, com carros e chão de paralelepipedo, com a pressa de quem está meio atrasado. Depois de entrar no prédio, tomou o elevador, não sem antes ficar alguns instantes angustiantes na fila do elevador. Como sempre chegou uns dez minutos antes do exigido, arfando um pouco, não muito a vontade consigo.

Fica a questão: qual a porra de princípios norteadores da escolha desse rapaz? A princípio, parece ser a de tentar, o máximo possível, optimizar o tempo, fazendo qualquer atividade com o menor gasto possível; outro, parece ser o de tomar o caminho menor, princípio que não deixa de estar ligado ao anterior mas, ainda assim, possuí vida própria.

Pois bem, e se esse pusilâme tomasse outros princípios norteadores. Vejamos:

Acordou. Apertou o "soneca" do celular e voltou a dormir. Acordou dez minutos mais tarde, para levantar só cinco minutos depois. Sentou no sofá, com um copo de leite com café na mão, curtindo um som. Arrumou-se ligeiro, sem ter tempo para escovar os dentes. Pegou o ônibus. Atrasado. Mas tinha um porquê: uma boa companhia de viagem... Desceu com ela na parada onde desce a maioria. Seguiu por um caminho o qual sabia ser o mais comprido, com uns canteiros com flores simpáticas... e outro jardizinho também, em frente a um bar, com uma flores a tomar café. Entranto no prédio, tomou as escadas, por detestar filas e por querer fazer pelo menos algum exercício físico no dia. Chegou um pouco atrasado, mas nada de mais. Ficou a pensar na possibilidade de convidar sua companhia de viagem pr'uma ceva depois do expediente de ambos.


Fica a derradeira questão: o que vale mais a pena: o útil ou o bom? Há também uma pergunta decorrente desta, ou talvez até anterior: será que o útil implica algo bom?

14.2.08

Mídia corporativa X Lulinha

Ótimo texto sobre o jogo da mídia corporativa contra o governo Lula: Eles não desistem, no Cão Uivador. Não que eu defenda o governo, mas a ação da Globo e cia. é tosca e mal intencionada, para variar um pouco.